domingo, 12 de agosto de 2007

Por causa de um decanter

Esse blog está começando por causa de um decanter.

Eu já gostava de beber vinho, despretensiosamente. O que fez a diferença para virar um hobby foi o fato de que eu sou apaixonada por detalhes e pelo background das coisas. Até demais: a sede de saber só mais um pouquinho faz com que eu nunca me sinta pronta para começar a escrever ou usar as informações que já tenho na mão.

Eu bebia vinho como uma adolescente até experimentar um Santa Carolina. Provavelmente era um reservado Cabernet Sauvigon, mas não lembro e não tenho como saber com certeza. Os Santa Carolina vêm um grande produtor de vinho chileno; mal comparando, uma espécie de Salton das cordilheiras. Foi com ele que eu percebi o potencial que o vinho tem como bebida, de esconder aromas e sabores que vão se mostrando aos poucos. É bem possível que antes eu já houvesse experimentado vinhos mais complexos ou interessantes, mas foi esse que me pegou de jeito, porque tinha elementos suficientes para minha curiosidade e falta de experiência captarem e preço acessível, além de ser um vinho muito fácil de beber, de agradar.

Continuei experimentando vinho sem pretensão nenhuma. Comecei a ler publicações sobre o assunto disponíveis no meu ambiente de trabalho, uma assessoria de imprensa especializada em gastronomia. E continuo me divertindo muito com cada vinho que me aparece pelo caminho... Mas duas coisas deixaram tudo mais divertido e interessante: uma foi o guia “Vinhos do Mundo Todo”, da editora Zorge Zahar, que ganhei do amigo e ex-namorado Rafael Gomez. Ele foi a primeira pessoa a levar meu hobby a sério, tanto quanto leva os dele. Sobre o livro, o grande ganho foi uma visão sistemática e superficial sobre o assunto, o que é bem bacana para quem quer começar a criar seus próprios pontos de referência.

A segunda foi o meu primeiro decanter. O decanter é um vaso bojudo de vidro ou cristal, que serve para aumentar a superfície de contato do vinho com o ar. Vinhos tendem a mostrar melhor suas características depois de alguns minutos abertos, respirando. O decanter catalisa o processo. Geralmente, se usa esse acessório em vinhos mais maduros e complexos, que precisam de um “empurrãozinho” para mostrar a que vieram. Nunca tomei vinhos mais sofisticados, mas já provei vinhos medianos na casa de amigos que tinham decanter e achei que o acessório fez toda a diferença. Na última sexta-feira, passei no empório Confraria do Queijo & Vinho, na av. Dr. Arnaldo, e encontrei um decanter de vidro, por um preço bem mais acessível do que eu esperava. Comprei, junto com duas garrafas de tinto e um corta-gotas que veio de brinde.

Foi o estalo de que enfim eu comecei a levar o meu hobby a sério. Não simplesmente pelos acessórios – a minha taça não é de cristal, é uma taça simples, de supermercado, mas que supre muito bem minhas necessidades – mas por perceber que a falta de registro faz com que eu não consiga mais encontrar por aí os vinhos que gostei de beber e que acho que merecem um repeteco.

O nome do blog é meio esquisito. Mas quem me conhece vai captar de cara uma outra mania minha, as séries médicas TV. House, em especial.

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